Cresci ouvindo que, em uma certa época, logo após a redemocratização do País, houve um momento em que a crise econômica provocada pela incontrolável inflação fazia com que as pessoas corressem aos mercados atrás de mantimentos básicos, e ainda que, com dinheiro no bolso, voltavam para casa com suas sacolas vazias por conta do desabastecimento da indústria e do comércio.
Por outro lado, ouvi também, que a minha geração jamais passaria por tal experiência, afinal, a conjuntura do novo século não permitiria contexto tão “medieval”.
Contudo, andando por São Luís, chego à conclusão que meus familiares e amigos (mais velhos) erraram, pois hoje, vejo a cidade vazia, sem congestionamentos, com vagas de estacionamento em abundancia nas ruas do centro histórico (fato raro em dia útil), ônibus nas garagens, supermercados e feiras desertas.
Correria e filas, essas somente no entorno dos poucos postos de combustível que ainda dispõem de gasolina ou diesel, ambos por valores bem acima da média.
Diante de tal cenário, onde os veículos de comunicação relatam verdadeiro colapso em algumas regiões do Brasil, reflito sobre o papel dos atores e autores de tais acontecimentos.
Vejo por um lado, caminhoneiros reivindicando redução do preço do principal insumo que move seu instrumento de trabalho, o Diesel, que abastece também máquinas agrícolas, maquinários da construção civil e outros meios de transporte, além de parte da frota de passeio. Estes mostram, com números, que nos últimos meses houve aumento de aproximadamente 30% sobre o preço combustível, enquanto o valor do frete caiu, prejudicando por completo o sustendo das milhares de famílias que dependem dessa atividade.
Por outro lado, vejo a maior parte da população apoiando o movimento, uma vez que a “problema do diesel” é semelhante ou idêntico aos reclames sobre o aumento (do preço) do Gás de cozinha, energia elétrica, (itens) da cesta básica e impostos.
Todavia, subindo o ângulo, procuro (e não acho) ação concreta e convincente dos grandes responsáveis pelo colapso.
Sendo assim, questiono:
1 - Onde estão os ex-presidentes da república que tanto ostentaram a falácia da autossuficiente em Petróleo (mas deficiente em ferrovias e transporte marítimo ou fluvial)?
Um preso, a outra calada!
2 - Onde está o atual Presidente da República que, quando a conjuntura trata de escândalos de corrupção não hesita e convocar cadeia de rádio e televisão para exclamar: “Não Renunciarei”?
Até agora, calado!
3 - No maranhão, onde está o Governador que, por “Decreto” majorou o ICMS que incide sobre 30% do preço dos combustíveis? Calado!
Quem sabe procurando uma maneira de afirmar que a culpa disso tudo é do(s) Sarney(s)!
4 - Onde está o Prefeito de São Luís/MA, que recentemente se elegeu, montado em uma propaganda que anunciava que a Licitação do Transporte Público garantiria frota de ônibus rodando initerruptamente durante a vigência dos contratos?
Calado, enquanto isso, a população sofre com redução de metade da frota do único meio de transporte público de massa da Capital Maranhense!
5 - Onde estão os órgãos de defesa do consumidor e da sociedade civil organizada, movimentos livres autônomos, que por outras “causas” movimentam milhares de militantes em protestos combatendo aquilo que entendem prejudicar a sociedade?
Calados!
Enfim, chega de tanto procurar (e não achar), concluo que estamos completamente desabastecidos de gasolina, diesel, etanol, frutas, legumes, verduras e insumos básicos da sobrevivência urbana, mas, pior do que tudo isso é perceber que a Nação está “desabastecida” de líderes e autoridades comprometidas, e com a coragem de levantar-se contra todos os saqueadores do povo brasileiro!
*João Bispo Serejo Filho*
ADVOGADO