O Maranhão registrou um aumento de 30,9% no número de mortes violentas em 2020, quando comparado ao ano anterior. É o que aponta o índice nacional de homicídios do Monitor da Violência, ferramenta criada pelo G1, com base em dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.
O índice representa 27.49 mortes para cada 100 mil habitantes. No consolidado de 2020, o Maranhão registrou 1.945 mortes violentas (homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte) e já em 2019 o estado obteve, ao todo, 1.486 crimes.
Das mortes, 1.857 foram homicídios dolosos (quando há intenção de matar), 75 latrocínios (roubo seguido de morte) e 13 lesões corporais seguidas de morte.
A maior variação aconteceu entre os homicídios dolosos, que teve uma alta de 32,8% em relação ao mesmo período de 2019. Latrocínios e lesões corporais seguidas de morte não obtiveram variação, já que registram a mesma quantidade de crimes que o ano anterior.
O levantamento, que compila os dados mês a mês, faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Mortes violentas no Maranhão em 2020
Número é relativo a homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte
Homicídio doloso: 1.857
Latrocínio: 75
Lesão corporal seguida de morte: 13
Fonte: Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-MA)
Entre os estados do nordeste, o Maranhão obteve a segunda maior alta no número de assassinatos. O estado só ficou atrás do Ceará, que além de registrar a maior taxa da região também teve o mais alto crescimento de crimes violentos entre todas as unidades da federação.
O levantamento apontou que mesmo com a pandemia de Covid-19, isolamento social e o 'lockdown' na Grande Ilha de São Luís, o Maranhão registrou taxas de crimes violentos por 100 mil habitantes acima de 2,2 em quase todos os meses do ano, exceto o mês de abril, que chegou a 1,8.
O maior pico de registros de crimes violentos aconteceu nos meses de outubro, que obteve a maior quantidade de mortes mensais do ano, com 194 crimes durante o mês; novembro com 188 e dezembro, com 192.
Aumento em todo o país
O Brasil teve uma alta de 5% nos assassinatos em 2020 na comparação com 2019, após dois anos consecutivos de queda.
No ano passado, foram registradas 43.892 mortes violentas, contra 41.730 em 2019. Ou seja, 2.162 mortes a mais.
O aumento de mortes aconteceu mesmo durante a pandemia do novo coronavírus e foi puxado principalmente pelo Nordeste, que teve um aumento expressivo nos assassinatos: 20%.
A região Sul também teve uma leve alta. Já nas outras regiões (Norte, Centro-Oeste e Sudeste), o número de crimes violentos foi menor na comparação com o ano anterior. A região Norte teve a queda mais acentuada: - 11%. Ao todo, mais da metade dos estados registrou uma alta. Houve aumento dos assassinatos em 14 unidades da federação.
Índice nacional de homicídios
A ferramenta criada pelo G1 permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. Estão contabilizadas as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Juntos, estes casos compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais.
Jornalistas do G1 espalhados pelo país solicitam os dados, via assessoria de imprensa e via Lei de Acesso à Informação, seguindo o padrão metodológico utilizado pelo fórum no Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O governo federal anunciou a criação de um sistema similar ainda na gestão do ex-ministro Sergio Moro. Os dados, no entanto, não estão atualizados como os da ferramenta do G1.
Os dados coletados mês a mês pelo G1 não incluem as mortes em decorrência de intervenção policial. Isso porque há uma dificuldade maior em obter esses dados em tempo real e de forma sistemática com os governos estaduais. O balanço de 2019 foi realizado dentro do Monitor da Violência, separadamente, e foi publicado em abril. O do primeiro semestre de 2020 foi publicado em setembro. O fechado do ano de 2020 ainda será divulgado.
De: G1 MA