PARABÉNS PINHEIRO MÁ 162 ANOD DE UMA LINDA HISTÓRIA

O relógio da Praça, anos 70.
Quem nunca parou para ouvir uma bela e nostálgica história dos tempos de outrora? Acho que todo mundo, saber de onde viemos é tão importante quanto saber do nosso futuro, com a licença filosófica ouso apropriar-me do “quem não conhece seu passado, está fadado a repeti-lo” e nesta véspera do aniversário de nossa princesa, busco referências no passado para recordar àqueles que não tiveram o prazer de conhecer, um pouco dos nossos momentos que vivemos num passado tão próximo, de uma história tão nossa.
Como todos sabem, ou deveria saber, Pinheiro foi fundada por um fidalgo Português, Inácio José Pinheiro, mas desde a chegada do fundador até os dias atuais, muitas coisas aconteceram, claro, o tempo não para e as coisas fluem seu curso natural, no entanto muita coisa se modificou no decorrer desses mais de 162 anos de existência, nossa cidade evoluiu, cresceu, tomou forma e problemas de uma cidade grande.
Hoje usufruímos de benefícios da modernidade, vamos a um dos inúmeros mercados e fazemos nossas compras, peixe tem as toneladas na feira municipal, mas antes dessas mordomias os vendedores do pescado, que geralmente eram apenas crianças, os meninos vendedores de peixes traziam o alimento fresquinho numa bacia de alumínio e gritavam nas ruas da cidade, os espertos pegavam a bacia e levavam para dentro de casa e nesta ida, ficavam alguns peixes, um gesto impiedoso, no entanto inofensivo. A carne era enfiada na embira – uma espécie de sipó nativo, até as guloseimas tinham um trato diferenciado, o caso do pirulito era num palito. O menino gritava:
“Olha o pirulito,
enfiado num palito
quem quiser dê um grito”.
Cine Teatro Iacy, essa estrutura já foi demolida, ficava ao lado da Sede da ACIP.
A água era de pote ou tina de tão fria que ficada chegava a doer os dentes.Era “chic” ir ao cinema, no Cine Teatro Pinheirense e exibir-se com a namorada ao assistir os primeiros filmes do “Rambo” ou outros sucessos da época. Sentar na porta da rua às 18h30 min para ouvir o Serviço de Auto Falantes: A Voz Paroquial, na inconfundível voz do locutor Hidelbrando Castro era uma verdadeira atração noturna. Desfilar dia 7 de setembro era um acontecimento, nesse momento os jovens iam buscar suas melhores roupas para pôr-se em respeito e aguardar a cerimonia de homenagem de nossa independência.
Aqui é o final da Avenida Paulo Ramos, o prédio da esquerda era a Casa do Sr. Albino Paiva, hoje funciona a Delegacia Regional do Trabalho
Hoje quem tem as facilidades para realizar uma compra não sabe como era no passado, no tempo do comercio da Organização Comercial Albino Paiva, Edgar Barbosa Cordeiro, Os Gonçalves e Casas Pernambucanas onde se comprava de quase tudo até uma fazenda de tecido, forma como se comprava uma metragem de tecido na época. Se necessitasse de um cachimbo de barro o destino era as Casas de João Saninho ou João Baldo, ali você encontrava mercadorias difíceis, banhas de qualquer tipo de animal silvestre, ervas medicinais e acessórios de barro.
Inauguração no Aeroporto Salgado Filho, Hoje Liga Pinheirense de Desportos
Outro “acontecimento” era ir ao Aeroporto Salgado Filho, hoje onde funciona a Liga Pinheirense de Desportos, ver os aviões decolarem e pousarem, observar os passageiros chegarem com caras novas e dar uma paquerada com as moças era um bom argumento para se fazer presente aos pousos e decolagens, principalmente quando se tratavam dos passageiros da Paraense ou da Real, aviões grandes que traziam muita gente vindas da Amazônia e com escala obrigatória em nossa cidade.
Nesse tempo era comum calçar os chamatós de troncos de paparaubas e chinelos de solas cruas fabricados por Zé Pedro Amengol. Calça de linho Braspérola e Tropical Maracanã, depois chegou o Nycron para os poucos alfaiates trabalharem.
Mercado Municipal, hoje Mercado Municipal Manoel Tucura
Levantar 02 (duas) horas da madrugada para comprar carne no Mercado municipal, hoje Manoel Tucura, marcando o lugar com pedras e chamatós, sim, pra não perder o seu “direito” de comprar 1kg de carne, você precisa marcar vez para isso, ninguém pensava naquela época que hoje as crianças escolhem o que querem comer.
Ir a uma festa no Casino Pinheirense, dançar agarradinho um bolero orquestrado, com a cabeleira brilhosa de pomada e Creme Trim perfumado com Rastro. Tempo de batom Toll-On, sabor morango da Avon. A moda feminina era calça “cocota” e para os homens, “boca de sino” duas cores de grifes “Tremendão” e “Calhambeque” e as camisas eram as famosas “volta ao mundo”. “Os vestidos tomara – que – caia” faziam sucesso entre as meninas e meninos, sem falar nas blusas de elastex. Os tênis eram “Conga e Basqueteira”, quem praticava esportes tinha que ter um “Suporte Big” com selo do macaco Gorila, para aguentar o balanço e dar elegância ao atleta.
Pinheiro do tempo dos picolés e da sinuca do Bar do Paulo Castro, ponto de reunião dos jovens, do Jogo de Bicho do Honorato, dos jogos familiares de dominó e dama. Período onde se lia o Jornal Cidade de Pinheiro toda semana, entregue em nossas casas, onde se tinha a melhor discoteca do Maranhão: Rotary Club, os jovens ainda frequentavam e comiam na Churrascaria de Magro Velho e a Carne de Sol deliciosa do Arnaldo. Dar uma paquerada no Bar  Porto Solidão, onde a cerveja sempre era dividida com o proprietário .
Música boa era no Elis Bar, que recebia esse nome em homenagem a cantora Elis Regina, ali era o abrigo da juventude intelectual da época. Mas tínhamos ainda a Boate Shallako, abrigo de muitos casais, testemunha de namoros e casamentos de várias gerações, a Boate Imperial, frequência com discrição e respeito, Palmerinha, Sindicato, Boate Samuray e muitos outros pontos de encontros para os jovens pinheirenses.
O tradicional Fula, perpétuo Rei Momo
Integrantes da Escola de Samba Unidos do Obeliscos
Pinheiro do Carnaval de mascaras, da disputa acirrada das Escolas de Samba Obelisco e Senzala. Lembranças dos Clubes carnavalescos populares: Bigurrilho, Luís de Senhora, e tantos outros que marcaram os nossos carnavais.
Ah tempo que não volta. Claro que avançamos, claro que evoluímos, mas desprezar esse passado é esquecer da nossa própria história. É tempo de comemorar nosso aniversário, nossos avanços, tempo que estar com os dois olhos no futuro, mas vez por outra, olhar para trás nos faz refletir, analisar nossos erros e acertos e só assim entendermos o quanto mudamos.
Pinheiro dos Pinheirenses, do muitos Joãos, Josés e Marias, como é bom viver aqui, saber que apesar dos problemas, ainda somos um povo ordeiro e pacifico. Parabéns minha cidade, nossa cidade.
Fonte:blog do João Moraes.